O costume de assistir teatro começou com a chegada da Família Real ao Brasil, em 1808. O rei convidava companhias estrangeiras para apresentarem seus espetáculos aqui.

A partir do século XIX, tem início a comédia de costumes, com destaque para os textos de Martins Pena. Logo em seguida, apareceria o Teatro de Revista.

Mas foi com a estreia de “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, em 1943, que a crítica aponta o nascimento do teatro brasileiro moderno. Com direção do polonês Ziembinski, a peça quebrava com todos os padrões da época

Peça escrita em apenas uma semana, em 1941, e encenada dois anos depois, que mudou de fato a vida de NELSON RODRIGUES. Pela primeira vez na História do Teatro Brasileiro, um texto dramático substituía o surrado cenário das comédias de costumes pelo espaço dos planos de realidade, da memória e da alucinação. As inovações de VESTIDO DE NOIVA logo fizeram que ela saltasse do campo restrito do Teatro para outras Artes. Escreveu-se que a dramaturgia ingressava, pela primeira vez, no domínio da literatura. Seria mais adequado dizer que o TEATRO , com espetáculo, se universalizava a maneira das outras artes modernas e NELSON RODRIGUES representava para o Palco que trouxeram Villa-Lobos à música, Portinari para a pintura e Carlos Drummond de Andrade para poesia. A dramaturgia Rodriguiana constituiu o mais amplo painel da sociedade urbana brasileira. Por meio de linguagem límpida, sucinta, vibrátil e a capacidade de expor os desejos menos confessáveis de suas personagens, NELSON RODRIGUES abriu caminho para Todos os Autores surgidos nas últimas décadas.

 

NELSON FALCÃO RODRIGUES, nasceu em 23 de agosto de 1912, no Recife, Pernambuco, filho de Mario Leite Rodrigues ( jornalista que teve um grande papel na renovação da Imprensa Brasileira) e de Maria Esther Falcão Rodrigues. Estreou, no jornalismo, aos 13 anos de idade, no diário “A manhã” do seu pai. Sua primeira experiências de imprensa foi a reportagem policial. Aos 14 anos, escreveu o artigo “A Tragédia de Pedra” numa coluna, onde colaborava Monteiro Lobato, Antonio Torres, Agripino Grieco, Humberto Campos, José do Patrocínio Filho, Medeiros de Albuquerque e outros grandes homens literários da época. Em 1929, começou a fazer a crônica de futebol, ao lado de seu irmão Mario Filho. A morte de seu irmão, Roberto Rodrigues, pintor e ilustrador, assassinado aos 23 anos, marcou para sempre a sua obra, sobretudo na parte dramática. Em 1940, ocorreu sua estréia teatral com o drama “A Mulher Sem Pecado”, levada pela Comédia Brasileira do serviço Nacional de Teatro. Na noite de 28 de dezembro de 1943, era apresentada , no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a sua “Tragédia Carioca VESTIDO DE NOIVA” pelos amadores de “Os Comediantes”, com Cenários de SANTA ROSA e Direção de ZIEMBINSKI.

por Delcio Marinho Gonçalves
Diretor Cultural SATED/RJ